Belém 15 de Abril de 2011
Escalpeladas aprendem a fazer perucas em curso
SOLIDÁRIO
Peruqueiro de São Paulo ensinou a técnica. Resultado vai virar calendário
A Organização Não Governamental (ONG) dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor (Orvam) situada na Avenida João Paulo II, no bairro de Souza, recebe curso para a confecção de perucas. O curso, que é gratuito, começou há uma semana e vai até o dia 21 deste mês. O peruqueiro de São Paulo , Luis Crispim, conheceu a Orvam através de um programa de televisão e decidiu dar amparo social às mulheres da ONG. Dois fotógrafos fizeram fotos para a criação de um calendário 2011, com as perucas novas. O lançamento do trabalho será realizado na próxima quarta-feira, dia 20, na Estação Gasômetro, no Parque da Residência.
"Todas as histórias são muito comoventes, então resolvi vir para ensiná-las a fazer suas próprias perucas", disse o instrutor, que tem uma loja de confecção de perucas na capital paulista. "Aqui eu encontrei uma enorme quantidade de cabelos que elas receberam através de doações. Uma média de 30 quilos de fios de todos os tipos, que estavam armazenados e sem previsão de serem trabalhados, para poder realizar o sonho dessas mulheres", declarou. Ele disse que como tem experiência no ramo, sabe o quanto os cabelos são importantes para a auto-estima da mulher.
"De todas as atividades que realizamos aqui, aprender a fazer perucas é o que está nos deixando mais animadas", admitiu a jovem Rita Ferreira, de 17 anos. Ela sofreu o acidente há três meses e disse que perdeu todas as expectativas quando se viu sem seus cabelos, que segundo ela eram longos e cacheados. A menina, disse Luis, era a mais retraída quando o curso começou, e ganhou a primeira peruca de longos cabelos castanhos. "Ela agora está mais feliz, depois que se olhou no espelho com seus novos cabelos", afirmou o peruqueiro. "Nós trabalhamos com visagismo, que é o estudo de cada formato de rosto, para saber qual tipo de cabelo fica melhor e ela ficou linda", contou.
A ONG de iniciativa da assistente social Cristina Santos nasceu em janeiro deste ano e já cadastrou quase 50 mulheres de vários interiores do Pará. Na sede elas desenvolvem trabalhos artesanais, fazem aula de dança, recebem acompanhamento psicológico e agora estão aprendendo a fazer suas próprias perucas. "É muito bom o apoio que o Luis está nos dando porque a gente recebe doações de cabelos de todo o Brasil e até do Japão e agora vamos trabalhar esse material e as meninas vão aprender e depois ensinar umas para as outras", disse a idealizadora da ONG.
Cristina contou que a ideia de fazer um trabalho para assistência psicológica e de reintegração social às pessoas que sofreram escalpelamento lhe ocorreu no dia 28 de agosto do ano passado. A data foi instituída para mobilizar a sociedade sobre o escalpelamento. "O Espaço Acolher, que faz o amparo de atendimento médico foi nas praças com fotos e algumas pessoas que sofreram o acidente. Quando vi fiquei comovida e nasceu então a vontade de trabalhar em prol dessas pessoas", contou.
"Estou muito feliz, pois profissionais de todos os segmentos querem colaborar", afirmou Cristina.
www.orm.com.br
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